segunda-feira, 5 de junho de 2017

Altamira lidera ranking de cidades mais violentas do Brasil, diz IPEA

Cidade de Altamira lidera ranking das mais violentas do Brasil, segundo IPEA (Foto: Divulgação)
Cidade de Altamira lidera ranking das mais violentas do Brasil, segundo IPEA (Foto: Divulgação)
Atlas da violência 2017 coloca cidade do Pará como primeira entre as cidades com mais de 100 mil habitantes no quesito homicídios e mortes violentas sem causas determinadas.

A cidade de Altamira, no sudeste do Pará, é o município mais violento do Brasil. A conclusão é dos pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que divulgaram nesta segunda-feira (5) o Atlas da Violência 2017. O G1 entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup) e aguarda posicionamento sobre a pesquisa.

O estudo, feito em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, analisou dados coletados em 2015 para concluir que o município tem a maior taxa de homicídios e mortes violentas com causas indeterminadas dentre todas as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.

Com uma área de 159.533,255 quilômetros quadrados, Altamira é mais do que o maior município do Brasil: sua extensão supera o tamanho de 37 das 53 nações europeias – mas, ao contrário dos países desenvolvidos, a cidade paraense tem apenas 46% dos habitantes com ensino fundamental completo.

Além das particularidades geográficas, a cidade precisa lidar com as dificuldades da explosão populacional: incentivados por grandes projetos, como a construção da usina hidrelétrica Belo Monte, na vizinha Vitória do Xingu, Altamira viu sua população saltar de pouco mais de 77 mil habitantes no ano 2000 para os atuais 109.938 habitantes, segundo o censo realizado pelo IBGE em 2016.

Usina Hidrelétrica Belo Monte fica localizada no rio Xingu, no Pará (Foto: Norte Energia)
Usina Hidrelétrica Belo Monte fica localizada no rio Xingu, no Pará (Foto: Norte Energia)
Segundo os pesquisadores, este desordenado crescimento impulsionou a violência. “A forma e a velocidade como o crescimento econômico afeta o território é outro aspecto relevante. Por exemplo, um crescimento rápido e desordenado das cidades (como aconteceu em Altamira, no rastro da construção da Usina de Belo Monte) pode ter sérias implicações sobre o nível de criminalidade local”, cita o estudo.

A grande maioria das cidades consideradas mais violentas ficam nas regiões Nordeste e Norte  (Foto: G1 )
A grande maioria das cidades consideradas mais violentas ficam nas regiões Nordeste e Norte  (Foto: G1 ) 

Algumas explicações para este aumento estão diretamente ligadas a concentração de renda. A pesquisa aponta que, caso boas oportunidades de emprego fiquem restritas a uma parcela da sociedade, a população marginalizada acaba sendo incentivada a entrar no mundo do crime.

Outra questão pontuada pelos pesquisadores é que a circulação de dinheiro na cidade também atrai coisas ruins, como o tráfico de drogas e outros mercados ilícitos, além de estimular a migração desordenada.

“A situação acima ocorre quando as transformações urbanas e sociais acontecem rapidamente e sem as devidas políticas públicas preventivas e de controle, não apenas no campo da segurança pública, mas também do ordenamento urbano e prevenção social, que envolve educação, assistência social, cultura e saúde”, explica a pesquisa.

Centenas de pessoas participaram da manifestação pela paz em Altamira, em 2016 (Foto: Elizabete Pereira/ Arquivo Pessoal)
Centenas de pessoas participaram da manifestação pela paz em Altamira, em 2016 (Foto: Elizabete Pereira/ Arquivo Pessoal)
G1 PARÁ

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