Foto: Miguel Tovar / AP |
MUNDO - Irmãos relatam pânico que viveram em mais de 20 horas presos nos destroços.
Equipes de resgate conseguiram salvar nesta terça-feira dois irmãos que estavam presos em meio aos escombros da escola Enrique Rebasmen, que desabou após o forte terremoto que atingiu o país na terça-feira. Luis Carlos Herrera Tomé, de 12 anos, contou à AP o pânico que ele e seu irmão mais novo José Raul Herrera Tomé, de 7 anos, viveram durante as mais de 20 horas enclausurados. As autoridades informaram que, na escola, 32 crianças e cinco adultos morreram com o colapso do edifício. Outras 30 estão desaparecidas nos destroços. No país inteiro, o número de mortos chega a 233, segundo o governo mexicano, com ao menos 102 mortos na Cidade do México.
— Comecei a ver que o teto estava quebrando, então me virei. Segurei meus amigos e corremos — contou Luis Carlos, mostrando como eles se deram os braços enquanto desciam as escadas. — Tremeu muito. Tomei coragem e saltei tipo cinco degraus em um salto.
O mais novo foi resgatado primeiro. Ao chegar à rua, olhou para escola e chamou pelo irmão, chorando: "Meu irmão! Meu irmão". Os dois se abraçaram ao se reencontrarem.
A mãe das crianças contou o que as crianças narraram:
— 'Mãe, vi uma menina cair porque estava esmagada' — disse Norma. — Ele chorou muito por causa disso e disse: 'Não pude salvá-la'.
OPERAÇÕES CONTINUAM
O trabalho das equipes de resgate na Cidade do México se intenfisicou após localizarem, aparentemente com vida, um menino em meio aos destroços. Segundo as autoridades, a criança está a cerca de 15 metros de uma outra menina que estava em processo de resgate na tarde desta quarta-feira.
Os socorristas conseguiram encontrar o menino após usar um scanner termográfico com infravermelho, que conseguiu identificar a presença de dois corpos, um deles com sinais vitais aparentes. A notícia sobre a possibilidade de o menino estar com vida animou as equipes de resgate e os voluntários no local.
Um cão farejador entrou pelos buracos da estrutura derrubada e levou uma mangueira para hidratar a menina, a primeira a ser encontrada. A equipe de resgate pedia silêncio enquanto apressava os trabalhos para evitar mais danos à estrutura, suportada por pilhas de madeira.
PAIS AFLITOS À ESPERA DE NOTÍCIAS
Desesperados por notícias, pais angustiados e com os olhos cheios de lágrimas aguardavam em silêncio em frente ao colégio de educação básica e média, onde foram resgatados 11 menores sobreviventes e recuperados 25 corpos. Adriana Fargo era uma das mães, que mordia os lábios de angústia: sua filha de sete anos estava sob os escombros.
— Não há poder humano que possa imaginar o que estou passando — desabafou Adriana, durante a madrugada, em um abrigo improvisado a céu aberto, enquanto aguardava notícias da filha desaparecida sob as ruínas da escola Enrique Rebsamen, na zona sul da Cidade do México.
Na terça-feira à tarde, o centro do México foi sacudido por um tremor de 7,1 graus, no mesmo dia em que o devastador terremoto de 1985 completava 32 anos. A tragédia aconteceu no momento em que o país ainda tentava se recuperar do trauma de outro terremoto, de 8,2 graus, no dia 7 de setembro. Este sismo deixou 96 mortos e destruiu várias residências, sobretudo em Juchitán, no estado de Oaxaca, no Sul do país.
Os trabalhos de resgate prosseguiam sem descanso na capital e nos estados centrais do México, nesta quarta-feira, em busca de sobreviventes sob os escombros de edifícios que desabaram após o terremoto devastador da véspera. De acordo com último boletim divulgado pelo diretor da Defesa Civil, Luis Felipe Puente, há 94 mortos na Cidade do México, 71 em Morelos, 43 em Puebla, 12 no estado do México, quatro em Guerrero e um em Oaxaca.
TRABALHO DURANTE A NOITE
Muitos moradores da capital não dormiram, com medo de um tremor secundário forte e à espera dos resgates. Após o sismo de 7,1 graus de magnitude de terça-feira, 22 réplicas já foram registradas — a maior delas de magnitude 4. Em meio à destruição, as autoridades pediram aos moradores de edifícios com danos que tomem precauções.
— Se não se sentem seguros, a recomendação é não ficar em casa — alertou o diretor do Centro Nacional de Prevenção de Desastres (Cenapred), Carlos Valdés.
Já ao amanhecer, centenas de voluntários voltaram a se somar aos trabalhos de remoção de escombros e de apoio ao translado de ajuda para os desabrigados. O prefeito da capital mexicana, Miguel Ángel Mancera, atualizou o número de prédios que desabaram, agora em 39, abaixo dos 45 inicialmente relatados. Segundo ele, os trabalhos de resgate continuam, salvo em cinco imóveis, onde já se confirmou não haver pessoas presas.
Mancera destacou que pelo menos 40 pessoas foram resgatadas de dois dos edifícios destruídos e que cerca de 600 construções serão revistas para verificar o estado de sua estrutura. Os resgates se concentravam na zona sul e no corredor Roma-Condesa, área nobre da capital conhecida por seus bares e restaurantes e onde moram muitos estrangeiros.
A energia elétrica foi restabelecida em 85% da capital mexicana, mas a companhia estatal mantém cortes de luz nas zonas que concentraram o maior número de desabamentos e onde ainda se realizam os trabalhos de resgate. Nos estados de Puebla e Morelos, epicentro do sismo, as operações também continuam. Em Morelos, segundo em número de vítimas, os graves danos materiais são um grande desafio.
— É preciso reconstruir parte importante da cidade de Jojutla, que foi destruída — disse à emissora local o governador de Morelos, Graco Ramírez.
Por O Globo
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