Luciene Braga, de 33 anos, foi acusada de xingar uma outra mulher de "macaca sem educação". — Foto: Reprodução Redes Sociais
FOTO ACIMA: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/03/06/mulher-e-presa-por-ofensas-racistas-em-shopping-na-zona-norte-do-rio.ghtml
No Rio de Janeiro, uma mulher de 33 anos foi presa em flagrante após xingar de “macaca sem educação” a uma mulher negra na saída de um shopping na zona norte. O caso aconteceu na última quinta-feira, 5.
Identificada como Luciene Braga, a agressora ainda fez ofensas racistas contra os dois seguranças negros que a conduziam. “Está com raiva porque você é negro?”, dizia ela aos gritos enquanto era filmada por uma testemunha.
Uma das testemunhas que prestaram depoimento na delegacia é a estudante de direito Nathália Hybner, 21. A jovem relatou o ocorrido no Twitter e em sua conta no Instagram.
“Eu estava saindo do Norte Shopping e a mulher que foi a vítima estava falando no telefone e falou um pouco mais alto um “caraca” com outra pessoa. A agressora passou e falou gritando: ‘o que foi? Ta gritando comigo porque?’. A mulher disse que não estava falando com ela, pediu desculpas e virou. Só que quando ela virou, a mulher começou a gritar: ‘você está maluca. Sua macaca sem educação. Macaca! Macaca!’. E todo mundo que estava em volta falou que ela ia ser presa”, contou Nathália.
Depois da confusão, que se passava na calçada do shopping, a testemunha conta que a agressora correu para dentro do estabelecimento para se esconder no banheiro. “Mas ficamos esperando ela sair para fazer o procedimento e encaminhá-la até a Polícia”, disse.
Quando Luciene saiu do banheiro foi abordada por dois seguranças que a levariam até o posto policial que fica na frente do centro comercial. Foi neste momento que houve mais ofensas racistas aos seguranças, registradas em vídeo por Nathália.
Segundo a reportagem do BuzzFeed News, a vítima que sofreu racismo é Lígia Moreira, consultora de vendas de 41 anos. “Essa mulher pensou que eu estava falando com ela e começou me xingar. Ela repetia sem parar que eu era macaca, que eu não tinha educação. As pessoas que viram ficaram indignadas e ela foi para o banheiro do shopping”, disse Lígia para o site.
Luciene foi presa pelo crime de racismo. Segundo a Polícia Civil, ela foi encaminhada para o sistema prisional do estado.
“Eu não ia conseguir ficar em paz com aquilo. Era uma mulher sendo agredida na minha frente. A humilhação que ela passou eu nunca vou conseguir imaginar. Eu precisava fazer alguma coisa. Sou noiva de um cara negro, vou casar com ele e meus filhos vão ser negros. Como que eu poderia dormir se não fizesse nada?”, disse a estudante em entrevista ao G1.
Racismo: saiba como denunciar
Racismo é crime previsto pela Lei 7.716/89 e deve sempre ser denunciado, mas muitas vezes não sabemos o que fazer diante de uma situação como essa, nem como denunciar, e o caso acaba passando batido.
Para começar, é preciso entender que a legislação define como crime a discriminação pela raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, prevendo punição de 1 a 5 anos de prisão e multa aos infratores.
A denúncia pode ser feita tanto pela internet, quanto em delegacias comuns e nas que prestam serviços direcionados a crimes raciais, como as Delegacias de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que funcionam em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No Brasil, há uma diferença quando o racismo é direcionado a uma pessoa e quando é contra um grupo. Saiba mais como denunciar e o que fazer em caso de racismo e preconceito neste link.