Pintura da pequena Paula de Bragança - Wikimedia Commons
Acometida por uma doença desde muito pequena, a menina teve uma morte prematura que abalou a Família Imperial Brasileira.
Entre as muitas tragédias vividas pela Família Imperial Brasileira, uma das mais tristes teve o nome da pequena Paula de Bragança. Filha de Dom Pedro I com Maria Leopoldina, a menina tinha um lugar no trono, mas pouco tempo de vida.
Nascida em fevereiro de 1823, foi batizada como Paula Mariana Joana Carlota Faustina Matias Francisca Xavier de Paula Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga. A pequena veio ao mundo no Rio de Janeiro, então capital do Brasil Império.
Quinta filha filha do imperador, Paula era a terceira herdeira menina e nasceu um ano depois da proclamação da independência, episódio crucial da história brasileira. Ainda mais especiais eram seus parentes: a pequena era neta de D. João VI por parte de pai, e sobrinha de Napoleão Bonaparte por parte de mãe.
A jovem, no entanto, nunca conseguiu aproveitar toda pompa e circunstância da coroa, já que, desde pequena, teve de conviver com uma grave doença. Dessa forma, viveu à sombra do irmão, Dom Pedro II, e ainda passou por momentos de pura agonia.
Uma pequena princesa
Por ter nascido em berço real, Paula de Bragança recebeu o título de Dona quando ainda usava chupetas. Teoricamente a quarta na linha de sucessão de portugal, teve o direito negado ao ser reconhecida como estrangeira nascida após a independência.
No Brasil, teve uma infância turbulenta e perdeu a mãe, Maria Leopoldina, aos precoces três anos. A imperatriz foi vítima de uma hemorragia, causada por um aborto espontâneo, em dezembro de 1826.
Enquanto bebê, Paula de Bragança foi amamentada por uma ama de leite, a mesma que, mais tarde, cuidou de Dom Pedro II. Anos mais tarde, aos 8 anos, a menina ainda assistiu de camarote quando seu pai abdicou do trono brasileiro e rumou a Portugal.
Crianças abandonadas
Antes de viajar até terras portuguesas para restaurar o trono de sua filha, D. Maria II, o ex-imperador brasileiro casou-se com a princesa Amélia de Leuchtenberg. Seus filhos com Leopoldina, inclusive Paula, foram forçados a assistir a cerimônia.
Com as malas prontas, então, Dom Pedro I escolheu três pessoas de confiança para cuidar dos filhos — um ex-escravo, uma aia e um guardião legal — e zarpou de uma vez por todas, em abril de 1831. As crianças nunca mais viram seu pai.
Abandonadas por Dom Pedro I e pela madrasta, as crianças não tiveram outra opção que não estreitar suas relações já próximas. Os filhos de Maria Leopoldina viraram melhores amigos e mantiveram-se juntos à todo custo.
Irmã de um imperador
Coroado com apenas 6 anos de idade, Dom Pedro II viu-se líder do Brasil Império em abril de 1831. Demonstrando apoio ao seu irmão, as três filhas de Maria Leopoldina foram obedientes e seguiam tudo aquilo que imperador exigia.
Durante toda a vida, Paula de Bragança era descrita como uma menina cheia de paz, forte e resignada. Entre todos os herdeiros de Dom Pedro I, ela era a mais calma e gentil e raramente se queixava de sua rara condição.
Apesar de silenciosa, ela sofreu por anos com seus problemas de saúde e, por vezes, deixou de aproveitar o tempo com seus irmãos por estar fraca ou doente. Muitas de suas lições e aprendizados, inclusive, foram deixados de lado.
Uma tragédia premeditada
No final de 1832, Paula de Bragança chegou ao auge de sua doença. Bastante debilitada, a menina, agora com 9 anos, foi submetida à todo tipo de terapia alternativa, incluindo sanguessugas, gesso de mostarda e substâncias ácidas aplicadas na pele.
Nenhum dos tratamentos, entretanto, realmente curou a doença da menina. Segundo o historiador Roderick Barman, Paula era portadora de meningite. Para o estudioso Mick Isle, contudo, a pequena apresenta sintomas de malária.
Independentemente da doença, a jovem princesa do Brasil Imperial não resistiu aos sintomas e tratamentos agressivos. Pouco antes do seu décimo aniversário, Paula de Bragança morreu, no dia 16 de janeiro de 1833.
A perda atingiu seus irmãos com força — era mais uma ente querida perdida, afinal. A pequena Paula recebeu um grande funeral, do tipo que foi visto novamente apenas na morte do filho de Dom Pedro II, o Príncipe Imperial Afonso, em 1847.
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