Santa Catarina teve três picos de crescimento no número de casos da Covid-19 – Foto: Arquivo/Flavio Tin/ND
O levantamento feito pela reportagem do nd+ teve como base os dados da própria Secretaria de Estado da Saúde, que apresenta a evolução dos casos confirmados. Foram analisados períodos de quatro dias, a exemplo do gráfico montado pelo Estado.
O primeiro grande aumento no número de casos aconteceu entre os dias 16 e 20 de março. Na ocasião, foi registrado aumento de 230 ocorrências de Covid-19.
Foi a primeira vez desde o início da pandemia que o número de casos cresceu de forma tão significativa no período compreendido pela análise.
Até em então, o número mais alto de aumento de casos registrados era de 141 entre os dias 12 e 16 daquele mesmo mês.
O que ajuda entender esse número, mesmo com as medidas restritivas já em vigor, é a capacidade do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) em processar os testes. À época, apenas o laboratório fazia os testes de todo o Estado.
O Lacen não confirma a capacidade de testes que tinha no início da pandemia, mas hoje realiza cerca de 500 testes diários. Além dele, outros laboratórios públicos devem fazer testagem a partir de maio.
A rede privada também tem laboratórios habilitados para fazer os testes da Covid-19.
Flexibilização do isolamento
Os outros dois períodos com aumento significativo no número de casos foram verificados depois que as medidas de flexibilização entraram em vigor.
O primeiro deles ocorreu entre os dias 14 e 18 de abril, com 230 casos confirmados. O número é superior aos seis períodos anteriores, quando a maior notificação foi de 190 casos.
A data coincide com a liberação do funcionamento do comércio de rua, hotéis e restaurantes anunciada no dia 11 de abril pelo governador Carlos Moisés (PSL).
O governo manteve o apelo pelo isolamento social, mas a maior circulação de pessoas nas ruas ajuda a explicar o cenário.
O pior cenário aconteceu entre os dias 22 e 26 de abril, quando pela primeira vez foram notificados 359 casos em quatro dias. No fim do período, Santa Catarina tinha mais de dois mil infectados pelo coronavírus.
Em 22 de abril, academias, shoppings e restaurantes voltaram a funcionar. A justificativa do governador era de que a taxa de transmissão do vírus tinha caído, atingindo 1,73.
“Quando temos mais gente nas ruas, umas das consequências é o aumento do contágio da doença. Isso é inevitável”, afirma o pesquisador André Lourenço Nogueira.
Professor do curso de Engenharia Química e do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos da Univille, André coordena estudos sobre a doença respiratória em Santa Catarina.
Um deles, publicado no final de março, apontou uma subnotificação perto de 300% no número de mortes no Estado.
Para ele, o número de casos deve ser maior devido a subnotificação e a demora na entrega dos exames de pacientes que morreram.
Um estimativa, feita pelo próprio professor, é de que o número real de casos no Estado seria próximo de 60 mil. Destes, 11 mil apresentam sintomas da Covid-19.
Mudança de protocolo alterou dados
Os primeiros casos positivos do coronavírus em Santa Catarina foram anunciados em 16 de março. Na data também foi publicado o decreto 507 que baliza as restrições e medidas de combate ao vírus no Estado.
Até 20 de abril, os casos eram contabilizados com base na data de confirmação dos testes laboratoriais. Agora, a tabulação do Estado leva em conta a data em que o paciente começou a apresentar os sintomas da doença.
Com a mudança, é possível verificar que, diferente do que foi anunciado em 16 de março pelo então secretário Helton Zeferino, 18 dias antes, 28 de fevereiro já haviam três casos positivos da Covid-19 em Santa Catarina.
Fonte: ND+
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