ados do Ministério da Saúde desta terça-feira (5) mostram que o Brasil registrou 600 novas mortes em pouco mais de 24 horas, um número recorde. Também houve 6.935 novos casos confirmados no período.
O recorde anterior era de 474 mortes registradas em um dia, em 28 de abril, quando o Brasil ultrapassou a China em número de mortes e o presidente Jair Bolsonaro disse "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", ao ser questionado sobre os números.
Antes da divulgação dos números pelo Ministério da Saúde, Bolsonaro disse nesta terça que, se houvesse uma queda no número de mortes no balanço do dia, seria um sinal de que "o pior passou".
"Eu não sei se hoje caiu o número de mortes, foi menor do que ontem, eu não sei ainda, mas, se foi, vai ser o sexto dia, se não me engano, consecutivo de queda no número de mortes. É um sinal de que o pior já passou", disse o presidente, em entrevista na porta do Palácio da Alvorada. "Peço a Deus para que isso seja verdade [a queda do número de mortes] e vamos voltar à normalidade."
Desde o início da pandemia do novo coronavírus, foram registrados ao todo 114.715 casos confirmados da doença e 7.921 mortes.
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No entanto, de acordo com especialistas, os números reais devem ser ainda maiores, já que há baixa oferta de testes no país e subnotificação. Segundo a pasta, 93 mil testes aguardavam processamento até domingo (3).
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson de Oliveira, dessas 600 pessoas que morreram, 25 evoluíram para o óbito nesta terça e 99, nos dois dias anteriores. O restante ocorreu em outras datas. "Não são 600 mortes que aconteceram nas últimas 24 horas, mas uma mudança na classificação", reforçou.
Epicentro da crise, São Paulo já soma 34.053 casos confirmados e 2.851 mortes pelo novo coronavírus -dessas, 197 foram confirmadas nas últimas 24 horas, incluindo a de um bebê de um ano na cidade de São Paulo.
Wanderson evitou comentar projeções internacionais de aumento da doença no país, mas disse que é esperada uma alta de casos no outono e no inverno.
"Como nos não temos a história natural da doença do Covid-19 no Brasil, a nossa análise se dá considerando os vírus respiratórios. Todos os anos, entre outono e inverno, temos aumento de gripe", diz.
Segundo o secretário, os casos devem aumentar pelo menos até o fim de julho, quando se completa a 31ª semana epidemiológica. Ele também ressaltou o efeito positivo do isolamento, mas disse que ainda não é possível estimar sua intensidade.
"Não sabemos precisar o quanto dessas medidas não farmacológicas que estão sendo adotadas, como distanciamento social, lavar as mãos, uso de máscaras [influenciam], isso com certeza terá um impacto positivo na redução de outros vírus respiratórios, não somente coronavírus."
Em meio ao aumento nos números, o estado tem visto cair o índice de isolamento social, o que preocupa autoridades. Na segunda (4), o isolamento foi de 47%.
Depois de São Paulo, o estado com maior número de casos é o Rio de Janeiro, com 12.391 casos e 1.123 mortes.
Já quando analisados os dados de incidência da Covid-19, indicador que abrange o total de casos pela população, outros estados passam à frente. São eles Amapá, Amazonas, Roraima, Ceará, Pernambuco, Acre e Espírito Santo.
No Amapá, por exemplo, essa incidência é 2.283 casos por 1 milhão de habitantes. No Amazonas, é de 1.957 casos a cada 1 milhão.
Segundo Oliveira, a situação no Amazonas, no Ceará e em Pernambuco segue a tendência e o padrão é similar nessas regiões. "Já São Paulo e Rio de janeiro têm padrões mais distintos, não posso dizer que esteja no pico da crise."
O secretário chamou a atenção para Santa Catarina. "O padrão de curva é muito similar à de São Paulo", disse. "Isso denota que há alguma característica diferenciada de circulação mais intensa no estado de Santa Catarina". O estado já registrou 2.623 casos e 55 mortes.
O Ministério da Saúde não divulgou nesta terça a atualização detalhada sobre o perfil de mortes por Covid-19.
De acordo com Oliveira, 54% dos casos de síndrome respiratória aguda grave confirmados com Covid-19 ocorreram em pessoas com menos de 60 anos. "Já quando tratamos dos óbitos, esse padrão se inverte e chega a 69%."
Ele atribui o aumento nos casos de infecção entre jovens ao aumento na testagem. "É importante que todos saibam que os jovens também podem ser afetados e devem tomar precauções. É fundamental que entendam que é um vírus novo que estamos entendendo e conhecendo", disse.
Dados do ministério apontam que, de 7.579 hospitalizações confirmadas para Covid-19, cerca de metade foi de até seis dias. As demais foram de 6 a 48 dias.
Em UTI, a internação em geral tem sido de 14 a 16 dias mas pode chegar a 25 dias. "Em casos leves, as pessoas tendem a melhorar de 10 a 14 dias. Já os casos graves podem durar mais tempo. Essa é a grande diferença da síndrome pelo coronavírus, que é mais arrastada em comparação à da influenza."
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diarioonline